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Estado tem primeiro caso de raiva humana desde 1994
20 de abril de 2015 15:49
Estado tem primeiro caso de raiva humana desde 1994

Mato Grosso do Sul registra, pela primeira vez desde 1994, um caso confirmado de raiva humana. Mordido por um cão de rua em Corumbá no mês passado, o paciente, um homem de 38 anos, está em coma no Hospital Universitário (HU) de Campo Grande. O Instituto Pasteur, credenciado pelo Ministério da Saúde para diagnosticar a doença, confirmou o caso na noite deste sábado (18). Para tentar salvar a vida do paciente, os médicos do HU investem em um tratamento experimental dos Estados Unidos, aplicado no único caso de cura registrado no Brasil, em 2008. Os medicamentos devem ser encaminhados pelo Ministério da Saúde até a noite de hoje. O homem de 38 anos morava na área urbana de Corumbá, município que vive uma epidemia de raiva animal desde o mês passado. Há cerca de 45 dias ele foi mordido na perna por um cachorro de rua, mas, sem desconfiar de que o animal pudesse ter a doença, ignorou o acidente e não procurou ajuda. As conse LAIRTES CHAVES quências foram severas. Dias depois, em 14 de abril, a vítima procurou uma unidade de saúde queixando-se de febre e dor, na suspeita inclusive de dengue. Logo no exame, o médico viu a mordida, perguntou o que tinha acontecido e coletou amostras para realização dos exames de raiva. Internado então na cidade, o paciente recebeu vacinas antitetânica e antirraiva, mas os sintomas evoluíram para dor no corpo, irritabilidade, queda de apetite e espasmos corporais – quadro que acentuou as suspeitas da doença e motivaram o encaminhamento do paciente para a Capital. O paciente chegou ao HU na sexta-feira (17) em estado grave, foi sedado e internado na área vermelha do Pronto Atendimento Médico (PAM), onde respira por meio de aparelhos. Na noite de sábado (18), o Instituto Pasteur, de São Paulo, confirmou o vírus da raiva nas amostras encaminhadas de em Corumbá, e o HU conseguiu, na tarde de ontem, o antiviral Amantadina, utilizado no tratamento da doença. Uma coletiva de imprensa está prevista para hoje, às 10 horas, na instituição para falar sobre o caso que colocou em alerta autoridades, médicos e pesquisadores. O médico infectologista Maurício Pompílio acompanha o paciente e relata que o hospital está tomando todas as medidas para garantir melhora no quadro de saúde do homem. Apesar de o quadro ser preocupante, o caso não surpreende o especialista. “Apesar de não termos casos em seres humanos há muito tempo, sempre vemos confirmação de casos de raiva em animais. Era apenas uma questão de tempo para que a doença fosse diagnosticada em uma pessoa novamente”, comentou Pompílio. Para salvar o rapaz, o Hospital Universitário aposta em um tratamento experimental do Ministério da Saúde, responsável pelo único caso de cura de raiva humana registrado no País (o 3º do mundo). O tratamento experimental aconteceu em 2008, com a aplicação do método dos Estados Unidos, chamado de Protocolo de Milwaukee. Esse tratamento foi usado, na época, para salvar a vida de um adolescente de 15 anos em Recife, Pernambuco. O menino havia sido mordido no calcanhar por um morcego, saiu do estado grave em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e voltou para a casa da família após 11 meses de tratamento. A família do homem internado no HU autorizou ontem que a equipe de médicos e pesquisadores aplicassem protocolo experimental. O medicamento utilizado no caso de Recife deve ser entregue pelo Ministério até a noite de hoje. “A doença é grave e as chances de sobrevida são pequenas. No entanto, vamos tomar todas as providências para que o paciente receba o melhor atendimento possível. Acreditamos nessa chance de cura pelo tratamento experimental que teve sucesso no Brasil, e vamos aplicar o procedimento aqui”, confia o médico. EPIDEMIA Corumbá, onde o homem e toda a família moram, está com epidemia de raiva animal desde março deste ano. A primeira confirmação da doença foi feita pela Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), em um bovino. No mesmo mês, a Secretaria Municipal de Saúde do município encontrou o vírus em cachorros e desde então tem tentado conter o crescimento da raiva animal com a visita de todas as casas, vacinação e o recolhimento dos animais de rua. A secretária de saúde, Dinaci Vieira Marques Ranzi, explica que nove casos de raiva animal foram confirmados até hoje. “Desde que fomos notificados pelo Iagro, estamos tomando todas as medidas para eliminar esse problema na cidade. Todas as pessoas que são mordidas ou têm contato com animais precisam imediatamente procurar atendimento médico e tomar a vacina”.


Correio do Estado






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