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Músico leva bossa de volta aos EUA
27 de maio de 2015 16:29
Músico leva bossa de volta aos EUA

Mais de 50 anos se passaram desde que o cantor e compositor Carlos Lyra se apresentou pela última vez nos EUA. Um dos principais expoentes da bossa nova, ele volta ao país, nesta semana, para dez apresentações em Nova York. “Depois de tanto tempo, isso é uma nova estreia, não um retorno. Acho que os americanos já se esqueceram de tudo”, diz ele, em entrevista à reportagem. Parceiro de Vinicius de Moraes e compositor dos sucessos “Menina”, “Barquinho de Papel” e “Quando Chegares”, Lyra, 82, contribuiu para conceber as bases do que hoje é conhecido como bossa nova. E continuou fiel ao gênero nas décadas seguintes, lançando 29 álbuns – sem contar coletâneas – ao longo da carreira. Além disso, escreveu três livros, com maior destaque para “Carlos Lyra, Eu e a Bossa – Uma História da Bossa Nova” (Casa da Palavra, 2008).

Ele recusa, no entanto, o título de “pai da bossa nova”. “A bossa nova tem muitos pais, mas a mãe é desconhecida”, diverte-se. “Eu já fui o pai. Tom Jobim, Vinicius, João Gilberto também. Mas isso não existe, são lendas criadas no Brasil”. Cabe aos artistas, segundo ele, desfazer essas lendas. “São muitas ideias erradas. Começando pelo fato de chamarem a bossa nova de movimento. Não tem movimento nenhum”, afirma. “O que houve foi um surto cultural nos anos 1950 e 1960, que acompanhou um movimento de grande crescimento econômico no País, com o Juscelino Kubitschek.” Esses erros, no entanto, não chegam ao público no exterior. “O americano nem sequer tem essas ideias. Muitos nunca ouviram falar da bossa nova, podem achar no máximo que é uma dança”, diz o carioca. CLASSE MÉDIA Ainda assim, a identificação do público com a música é instantânea, afirma. Isso porque a bossa nova é música feita “pela classe média para a classe média”. “Temos as mesmas influências que a música americana – o jazz. A classe média do mundo inteiro entende o que estamos fazendo”, afirma. Lyra esteve em Nova York em 1962, quando expoentes da bossa nova apresentaram se no Carnegie Hall, lançando o gênero como o principal produto de exportação da música brasileira ao exterior. Até hoje, segundo ele, a bossa nova representa o Brasil em outros países. “É uma pena que não represente o Brasil no Brasil, onde ela está esquecida. As pessoas só tocam funk, sertanejo, rock”. As apresentações, junto ao também cantor e compositor Marcos Valle, acontecerão até sábado (30), no Birdland Jazz Club.

 


Correio do Estado






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