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Ídolo Cultura e falta de tolerância
03 de julho de 2015 16:00
Ídolo Cultura e falta de tolerância

A morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo e de sua namorada Allana Moraes, tem causado algumas polêmicas país afora. No entanto, gostaria não de entrar no mérito das causas da tragédia, que no nosso entendimento cabe aos peritos essa análise. Atentamos então para a cronica feita por um jornalista que fez alguns questionamentos sobre a cultura brasileira e sobre a existência de ídolos nacionais.

O que seria então cultura, o dicionário define como ação, efeito, arte ou maneira de cultivar a terra ou outras plantas. Partimos então para o conceito dado pelo filósofo Hegel (1770-1831), para ele cultura é definida como o conjunto organizado dos variados modos de vida de uma sociedade, ou seja, ligado diretamente ao trabalho, religião, as ciências, política, as mais variadas artes.

Partimos então do princípio que a cultura que um indivíduo tem ou que uma sociedade formada pela junção de indivíduos, de se dá de forma variada, múltipla, tendo em vista que um país como o Brasil de longa extensão territorial, os indivíduos possuem religiões, trabalhos, costumes, artes pluralizadas, construindo assim uma cultura nacional  não engessada. Basta um leve olhar regionalizado para notarmos, no sul o tradicional chimarrão, com churrasco de chão, embalado pelo chote, o samba da capital paulista, o sertanejo raiz e universitários e a catira do interior paulista e do centro oeste, a Bossa Nova do Rio de janeiro, o Frevo do Recife, o axé da Bahia, o Carimbó da região norte. Somando as diferentes religiões, as diversas formas de trabalho predominante em cada região, e a politica peculiar em polos regionais.

Feito estas observações no mérito da cultura, concluímos que vivemos em um país de extrema diversidade cultural, particularmente não gosto de alguns tipos de música, como o funk por exemplo que estimula o consumo, que demonstra que o importante é ter carrão, ouro, roupa de marca e beber bebidas caras para “pegar” , as meninas na balada, ou os que estimulam a promiscuidade sexual. No entanto, o fato de não apreciar não me dá o direito de discriminar quem pense diferente, e menos ainda de dizer de forma ignorante que isso não é cultura.

Partindo então para a reflexão sobre ídolo, pautados ainda pela cronica do jornalista, que diz que estamos pobres carentes de verdadeiros ídolos e heróis. Vejamos segundo a teoria baconiana a palavra ídolo dá a ideia de um falso deus e a de idolatria. Segundo a mesma teoria os ídolos se dividem em quatro gêneros:   de tribo, de teatro, de caverna e de foro.

Fazendo um estudo sobre o tema, concluímos que os fãs do sertanejo Cristiano Araujo possuem razão fundamentada para tê-lo como ídolo. Segundo a teoria baconiana, o cantor se enquadra no gênero de ídolo de tribo, onde as falsas noções advêm da própria aldeia dos homens, relacionados com sentimentos, sentidos, preconceitos e vontades. Então para ser o mais simplificado possível, devemos concluir que os ídolos surgem dos seus meios, e são adorados por aqueles que os conhecem e se identificam de alguma forma, quer seja nas tristes melodias de uma música erudita, quer seja no ritmo dançante de um sertanejo universitário, quer seja na letra insinuante de um funk, ou então na saudade do sertão entoado na viola triste de um caipira, não importa, os ídolos serão sempre criados pelos seus  fãs. O que nos falta de fato não são ídolos e heróis ou menos ainda cultura, o que nos falta é tolerância e respeito com quem pensa e tem gostos distintos dos nossos.

 

Rômulo Wendell

Bahcarel em Direito

Pós Graduado em Gestão de Políticas Públicas de Gênero e Raça

 

 

 

 

 

 


Rômulo Wendell






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