O relator da CPI Mista da JBS, deputado Carlos Marun
(PMDB-MS), afirmou que está “convencido” de que a Procuradoria-Geral da
República (PGR), sob o comando de Rodrigo Janot, orientou as gravações de
conversas do presidente da República, Michel Temer, e do senador Aécio Neves
(PSDB-MG), ambos implicados nas delações dos irmãos Wesley e Joesley Batista,
do Grupo J&F.
A conclusão estará em
seu relatório final, que deve ser apresentado na próxima semana. No seu
parecer, Marun vai argumentar que a atuação dos procuradores do Ministério
Público Federal (MPF) tinha o objetivo de depor o presidente para interferir no
processo de sucessão de Janot no cargo. “Diante dos autos da comissão, tenho a
convicção de que foram orientadas estas gravações, especialmente a do
presidente Michel Temer e a do senador Aécio Neves.
Foram orientadas pelo procurador Eduardo Pelella, chefe de
gabinete e homem de extrema confiança do procurador Janot”, afirmou Marun.
“Também tenho a convicção de que se estabeleceu uma tentativa de derrubar o
presidente da República, com vistas ao controle da sua própria sucessão. Isso
tudo deve permear meu relatório”, disse o parlamentar, um dos principais
defensores de Temer no Congresso e cotado para assumir a Secretaria de Governo.
Pelella informou que não iria se manifestar e Janot não respondeu.
O relatório final de
Marun deve ser votado ainda neste mês. O fim dos trabalhos da comissão confirma
as expectativas iniciais de que a CPI Mista seria usada pelo Congresso como
instrumento de retaliação da base aliada contra Janot.
O presidente da CPI Mista, senador Ataídes Oliveira
(PSDB-TO), falava que a comissão também iria se debruçar sobre as denúncias de
compra de parlamentares. Nesta quarta-feira, 6, Ataídes admitiu o “esvaziamento
total” do colegiado. “Eu concordo que ficará manco esse relatório porque não
conseguimos fechar o circuito, que era realmente ouvir os políticos”, disse.
Dos 68 membros da comissão, somente cinco apareceram à
reunião de ontem para votar requerimentos que tratavam da convocação dos
ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e os ex-ministros Guido Mantega, Antonio
Palocci e Geddel Vieira Lima. A sessão não obteve quórum mínimo para a abertura
dos trabalhos.