Dois frigoríficos de Anastácio que juntos abatem 1,2 mil
bois dias suspenderam operações ontem
Considerada a segunda maior em 28 anos,enchente que isolou
os principais acessos entre Aquidauana e Anastácio também interrompeu por tempo
indeterminado a atividade dos frigoríficos situados na região, represando a
produção da pecuária local. Na zona rural, produtores rurais suspenderam
embarques e aguardam pela normalização das operações e melhoria das estradas,
algumas delas em condições intransitáveis. Por conta da inundação, a JBS
paralisou os abates no início da semana na unidade de Anastácio.
No local existiam
mais de 600 cabeças de gado. Deste volume três morreram afogadas e as outras
foram salvas. Na madrugada de quarta-feira parte dos bovinos foram abatidos no
frigorífico. O restante dos animais foram removidos para uma fazenda vizinha.
A empresa informou
que manterá a unidade fechada, aguardando melhora nas condições do clima. Com
600 funcionários, o frigorífico tem capacidade para abater até 1 mil bovinos
por dia. Aos produtores da região, a informação é que os abates serão
remanejados para unidades de Campo Grande. Além da planta da JBS, o frigorífico
Buriti também está com acesso cortado para os produtores, em função da falta de
trânsito entre as duas cidades por causa da inundação, de acordo com o
presidente do Sindicato Rural de Aquidauana, Frederico Borges Stella. “Hoje
(ontem), no horário do almoço, tivemos notícia de que o rio parou de subir.
Agora, teremos que esperar para poder contar os estragos.
A nossa expectativa é que na segunda-feira os abates voltem
ao normal”, comentou. O dirigente do sindicato rural informou ainda não ter
informações de outros danos registrados na zona rural do município além das
inunda ções, como por exemplo queda de pontes. “O acesso de Aquidauana a
Anastácio está interrompido pela água, mas tivemos notícias de fazendas em
Miranda, Bonito e Bodoquena que tiveram queda de ponte e os produtores não
estão conseguindo sair da propriedade”, comentou.
ESTRAGOS
Em Anastácio, pelo menos trinta propriedades rurais da
região conhecida como Carandazinho, a cerca de 18 quilômetros da zona urbana e
com um rebanho estimado em 20 mil cabeças, estão isoladas em consequência das
fortes chuvas, que causaram inundações de córregos e deixaram as estradas
intransitáveis.
É o caso do produtor rural Bedson Bezerra de Oliveira, 51
anos, que tem fazenda na região atingida, onde trabalham 12 funcionários. “Com
essa chuvarada, estamos totalmente atolados. Somente ontem (anteontem), foram
quatro caminhões para lá, mas não conseguiram passar. Tivemos que seguir a
cavalo para chegar à fazenda, dando uma volta de 12 quilômetros. Estamos
preocupados porque não conseguimos dar assistência aos funcioná- rios. Foram
muitas chuvas, mais de 200 milímetros”, contou ao Correio do Estado.
Segundo o produtor, há um córrego na região, chamado
Carandazinho, que é afluente de outro, denominado Acogo, que cai no Rio
Aquidauana; este último inundou e danificou a ponte, agravando a situação de
logística da região. “Agora, estamos procurando uma entrada na fazenda de um
vizinho para poder passar e conseguir acesso. Um funcionário conseguiu uma
máquina e um caminhão de entulho, mas não está dando conta, porque a estrada
está minando água. A expectativa é que em mais uma semana o terreno possa secar
e o trânsito seja normalizado”, espera. Até lá, conforme o relato de Oliveira,
a situação é bastante crítica. “Temos crianças que não estão podendo estudar,
pessoas que precisam ir ao médico e fazem tratamento de rim. Também precisamos
fazer silagem, mas nessas condições, se as máquinas entrarem no campo vão
atolar”, pontuou. Embarques para frigoríficos também foram suspensos e a
programação para leilões de gado deve ser revista. “A gente tinha um leilão
para o dia 22 e temos outro para 2 de março, mas vamos ter que adiar. Todo
mundo aqui na região está apreensivo”, concluiu.