Ação popular questiona financiamento para construção da
Arena Itaquer
A Justiça Federal do Rio Grande do Sul condenou o
Corinthians, a Odebrecht, a Arena Itaquera e o ex-presidente da Caixa Econômica
Federal Jorge Fontes Hereda, no cargo na época da assinatura do contrato, a
devolverem R$ 400 milhões ao banco público. Na decisão em primeira instância, a
juíza federal Maria Isabel Pezzi Klein determinou o ressarcimento do valor à
CEF. A ação popular foi ajuizada em 2013 pelo advogado Antonio Pani Beiriz, que
questionou na ocasião a legalidade do financiamento e pediu a nulidade dele.
Segundo o autor, uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) foi criada em 2009, no valor total de R$ 4,8 bilhões
para a construção e reforma de estádios da Copa de 2014.
Os repasses seriam realizados por meio do Banco do Brasil.
Onze projetos teriam sido aprovados, com exceção do que envolvia a Arena
Itaquera. A negativa teria ocorrido em razão da ausência das garantias
exigidas. A Caixa, entretanto, teria aceitado financiar o projeto do estádio
corintiano, assumindo os riscos da contratação como agente financeiro
repassador. Para o advogado que ingressou com a ação, o negócio fechado em 2013
– quase três anos após o fim do prazo inicialmente previsto para as
contratações – seria lesivo ao patrimônio público.
Segundo Beiriz, a
decisão do banco público teria sido tomada sob influência política, já que
teria ocorrido fora do prazo previsto, por agente financeiro que não era o
inicialmente autorizado e sem a exigência de sólidas garantias de que o
empréstimo seria pago. O autor alega também que, além das irregularidades do
empréstimo, o Corinthians não teria a propriedade do terreno onde foi erguida a
Arena Corinthians. O clube, no caso, seria detentor de Cessão Real de Direito
de Uso (CRDU).
No despacho, a juíza destacou o fato de o empréstimo de R$
400 milhões ter sido concedido a empresa de capital ínfimo (Arena Itaquera
S.A.). “Um repasse milionário de dinheiro público, captado por empresa privada
especialmente criada para este fim e com capital social no valor de R$ 1 mil,
embasado em garantias incertas e que beneficiou, além de um time de futebol,
uma construtora contratada sem licitação. Assim pode ser resumido, conforme
sentença proferida pela 3ª Vara Federal de Porto Alegre, o negócio realizado
entre a Caixa e a SPE Arena Itaquera que possibilitou o empréstimo de R$ 400
milhões do BNDES para a construção da Arena Itaquera, estádio do Corinthians”,
frisou a juíza.